“tudo o que já foi, tudo o que é e tudo que será”
A percepção do tempo não é igual para todos nós: ao sofredor a passagem do tempo parece mais cruel e longa do que ao satisfeito. O mesmo acontece com a forma como olhamos um objecto: a observação é condicionada por aquilo para que estamos mais despertos nesse determinado momento.
Os trabalhos de Luísa Baeta pautam-se pela sua ambiguidade/ambivalência e Ovo (2014) não é excepção. Primeiro é o vazio total. O preto enquanto representa- ção de um nada que pode ser tudo. Para mim, a imensidão do universo – cosmos. Aos poucos é-nos revelada uma forma. A iluminação ténue descortina uma fisionomia oval, circular. Estas imagens colo- cam-me entre o dia e a noite, entre a luz e as trevas. A flutuar em pleno infinito.
Na antiguidade acreditava-se que tudo o que se relacionava com a Lua era mutável, enquanto que a precisão e a regularidade eram atributos do Sol. Ainda hoje, a nível astrológico, a Lua é associada a ciclos de mudança e trans- formação. Falo do começo das coisas: do início de um novo dia ou do início de uma nova vida.
A noção de infinitude resume-se, no seu limite, à perspectiva humana de desejar ser/estar completo. Nesse sentido, o infinito é a busca de nós sobre nós próprios. Este quarto crescente representa essa busca infinita, a dúvida que continuamente nos acompanha ao longo da vida.
Anabela Bravo, 2014
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